O número
de jovens que admitem ser usuários de maconha está aumentando no Brasil. Essa é
uma das constatações do 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad),
realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e
amplamente divulgado pelas mídias sociais há algumas semanas.
Segundo o professor Educação
Física L.S. (ele pediu para ter a identidade preservada, temendo reações
negativas no trabalho) experimentou maconha pela primeira vez,
por curiosidade e influência dos amigos do rock, com os quais se relacionava na
adolescência.
“Eu percebia que todo mundo
falava dos efeitos da maconha, mas os meus amigos que usavam não demonstravam
comportamento diferente. Até que perdi o medo e resolvi experimentar”, diz.
Ele gostou, e até admite que
experimentou outras drogas nos últimos 15 anos. Mas, como se considera um
naturalista, nunca se tornou adepto das drogas químicas. L.S acredita que hoje,
a relação dos jovens com a maconha está aumentando “ou talvez esteja mais
visível” e diz que se tivesse filhos adolescentes, não seria a maconha a
sua principal preocupação.
“Eu estaria preocupado com drogas
mais pesadas e com as companhias que podem levar para um caminho mais perigoso.
Não acho que a maconha, por si só, seja a porta de entrada para
esses caminhos sem volta. Nunca foi para mim”, diz ele. Na sua avaliação, o
cigarro e o álcool são muito mais ofensivos à saúde e geram dependência muito
maior.
Hoje, aos 30 anos, o professor
usa a maconha com uma frequência bem mais assídua – cerca de três vezes aos dia
– mas não se considera um dependente. Diz que ficaria tranquilo sem fumar, se
não tivesse dinheiro para comprar, mas a estabilidade financeira conquistada
lhe permite essa frequência e, ainda mais, ser seletivo quanto ao produto.
Ele gasta, em média, R$ 200 por
mês para comprar maconha, mas destaca: “Essa não é a média de gasto do usuário
comum. Como tenho condições, sou mais exigente, não compro qualquer bagulho. Em
geral as pessoas gastam cerca de 25% desse valor”, diz ele.
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